Assentamento Contestado MST Lapa PR.
Hoje se comemora 19 anos do
assentamento contestado na Lapa PR, uma festa muito boa acompanhada de costelas
para quem compareceu no evento se deliciar..
Também da Jornada vieram direto para cá Lyrca, catalã que
atua em Ubatuba com organização comunitária e distribuição de cestas orgânicas,
e três venezuelanos – María, Reni e Franklin – que trabalham com políticas de
agricultura em seu país e vieram absorver um pouco da experiência do movimento.
Ficamos alojados na ELAA, e pude acompanhar os hermanos latino-americanos em
suas visitas aos agricultores – sendo que Lyrca logo partiu.
María ficou impressionada com a organização dos campesinos.
“Percebe-se que a ordem e o planejamento são princípios desse assentamento”,
comentou por sermos recebidos pelos agricultores com materiais informativos e
apresentações estruturadas de seu trabalho, seja em formato impresso ou
digital. Assim como aprenderam com outros, eles dispõem de seu tempo para
receber visitantes e difundir sua experiência. Tiveram oportunidade de aprender
a sistematizar seu conhecimento, e replicá-lo faz parte da dinâmica do
movimento.
O primeiro a nos receber foi Elias de Souza, agrofloresteiro
que participa da comunidade desde o começo. Ele foi assentado há dez anos –
antes disso, passou dois anos acampado e três anos no alojamento da ELAA. Ele
não fez o curso de tecnólogo em agroecologia formalmente, mas acompanhou grande
parte das aulas, oficinas e debates, e diz que tudo o que sabe e aplica hoje
aprendeu lá e nas Jornadas de Agroecologia – das 15 edições, ele conta que
perdeu apenas duas. Além de labutar na sua agrofloresta, ele coordena o grupo
de agroecologia e certificação participativa da cooperativa.
Filho de agricultor, ele conta que seu pai, que hoje está
com 60 anos, nunca mexeu com veneno. Ele plantava diversos cultivos, de forma
consorciada, sem nunca ter ouvido falar de agrofloresta. “Os antigos faziam
agrofloresta e nem sabiam”, acredita Elias. Ele conheceu essa técnica no
assentamento do MST em Morretes (PR) e em Barra do Turvo (SP), onde fica a
Cooperafloresta, cooperativa da qual o movimento também participa, e ficou
encantado. Hoje ele cultiva dez hectares de horta, pomar e agrofloresta.
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