O Blog
do PT de São José dos Pinhais traz uma entrevista com Zé Adilson Stuzata, o pré-candidato
a Prefeito de nossa cidade. Stuzata é técnico em contabilidade, formado em
Direito pela PUC PR e pós-graduado em Jornalismo pela Universidade Curitiba. Foi
Presidente da Federação dos Bancários (FETEC/CUT) e Coordenador do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Stuzata
também é autor do livro “Conciliação Prévia – Bom pra quem?” que analisa a
resolução de conflitos no âmbito das relações de trabalho, lançado em 2006.
Também atuou como Coordenador Estadual de Geração de Emprego e integrou a
comissão de desenvolvimento dos APLs (Arranjos Produtivos Locais).
Sua experiência no executivo
municipal também não é pequena. Foi Secretário do Trabalho e também Secretário
de Saúde. Por último, foi Superintendente da Prefeitura de Curitiba. No âmbito
do São José dos Pinhais participou de vários conselhos: Trabalho, Saúde, Economia
Solidária e Segurança, o que lhe possibilitou conhecer os diferentes aspectos e
necessidades do nosso município.
Blog: Como está a pré-candidatura a
Prefeito de São José dos Pinhais?
Stuzata: Nosso
Partido está sempre em movimento. Vivemos um debate intenso em nosso País. A
direita e os setores conservadores não aceitaram o resultado das urnas em 2014.
Criaram todas as dificuldades à Presidente Dilma, como as chamadas pautas
bombas no Congresso Nacional. Mas independente do debate nacional, o PT em São
José dos Pinhais segue lutando para reduzir as desigualdades sociais e ampliar
a oferta de serviços públicos em nosso município.
Neste momento estamos em pleno
debate sobre o plano de governo, bem como das candidaturas para vereadores e
prefeito. Internamente temos duas pré-candidaturas a Prefeito – a minha e da Companheira
Lindamir Colontonio. Já realizamos debate interno com pré-candidatos. Encontraremos
o caminho democrático para definição de nossa candidatura. Temos também a
Companheira Tânia Galvão Centeno que colocou-se como pré-candidata a Vice-Prefeita.
Blog: Quais
os desafios para melhorar nossa cidade?
Stuzata: Tivemos
grande crescimento populacional nos últimos 20 anos. Esse crescimento não foi
acompanhado de planejamento que pudesse dar conta de todos os desafios,
sobretudo na saúde, educação, segurança e infraestrutura. Apesar de nossa
grande arrecadação, por volta de R$ 1 bilhão por ano, temos muitas carências e
desigualdade. Nosso objetivo principal é reduzir esses vácuos existentes em
nossa cidade.
Blog: Como o PT pretende enfrentar
as eleições deste ano?
Stuzata: Será
uma eleição desafiadora. Teremos que combinar os debates nacionais com os problemas
mais específicos de cada bairro, de cada rua. Não podemos, por exemplo, falar
de educação sem falar dos rumos da Petrobrás. Afinal, os partidos de direita
querem mudar o modelo de exploração do petróleo e isso atinge diretamente o
orçamento da educação no Brasil, visto que, 75% dos resultados(royalties) do petróleo serão destinados
à educação. O exemplo serve também para a saúde (25%). A direita quer mudar
isso e embora esse possa parecer um debate distante da população, quem mais
sentirá os reflexos deste cenário são os municípios e, consequentemente, a
população que necessita dos serviços públicos.
Blog: Quais
suas principais propostas para nossa cidade?
Stuzata: Vamos
mudar a lógica da gestão pública que é centralizadora e autoritária. Não escuta
as pessoas. Decidem obras e prioridades sem o acolhimento do que chamo de “inteligência
coletiva”.
Ouvi certa vez da Secretária
da Pessoa com Deficiência de Curitiba, Mirella Prosdócimo, com quem trabalhei a
seguinte frase: “Não fale sobre nós sem nós”. O que quero dizer é que temos que
ouvir mais.
Quando fui Secretário de Saúde,
numa situação bem difícil, criei canal direto entre os servidores e o
Secretário. Vieram ideias criativas e inovadores que melhoraram os serviços
públicos. Na Secretaria do Trabalho a iniciativa do agendamento para
atendimento do seguro desemprego foi solução encontrada ouvindo os servidores.
Acabamos com a fila na madrugada do SINE (Sistema Nacional de Emprego). Esse
modelo do SINE de SJP foi copiado para o Estado todo. A Agência do
Trabalhador/SINE de São José foi premiada pelo Conselho Estadual do Trabalho
como a melhor do Paraná.
Outro exemplo: Nossa população
carece de qualificação profissional. Fizemos um grande projeto dialogando com o
Conselho do Trabalho e pessoas da área. Resultado: Cursos caros como de “operador
de máquinas pesadas” foram baixados porque utilizamos o equipamento da Prefeitura.
Assim como nas aulas de informática que utilizamos os laboratórios das escolas
municipais que ficavam ociosos à noite. Com isso atingimos milhares. A
qualificação realizada em nosso período atingiu quase 10 mil pessoas. Isso é
muito, pois com a qualificação as empresas não precisam buscar sua mão de obra
fora de São José.
Compreendemos também que não há
dinheiro para tudo. Porém, com criatividade podemos mais.
Canais de interação e
participação da população via novas tecnologias é fundamental. Restringir o
debate orçamentário às pequenas audiências públicas não é adequado.
Não quero me alongar nas
respostas mas o tema meio ambiente é relevante. Podemos produzir água para 700
mil pessoas. Tem muito aterro sendo feito de forma errada. Nossa agricultura é
especial. Ela tem que “dialogar” com o meio ambiente. Somos o maior produtor de
orgânico. Temos que ter um mercado municipal com essa especialidade.
No setor da assistência social
temos que atuar nas concentrações carentes de políticas públicas. Para quem
estuda a teoria de Maslow das necessidades humanas... esses locais estão no
primeiro estágio, isto é, nas carências fisiológicas. Não avançarão na
“pirâmide” sem o poder público atuar. Defendemos inclusive programa de renda mínima
para amparar emergências.
No transporte público a gestão
atual elegeu-se prometendo integração. De início necessitamos de uma
Conferência com todos os envolvidos para diagnosticar as diversas situações.
Hoje o transporte é caro e desconfortável empurrando muitos para os carros.
Neste debate entra também a necessidade de ciclovias seguras.
Em fim, apesar de estarmos com
um grupo formulando propostas para nossa cidade queremos convidar todos e todas
para contribuir. Coletivamente teremos boas propostas para nossa Cidade.
ptsjp.blogspot.com.br Como enfrentar esse dificuldade
do PT atravessa?
Stuzata: Vamos
esclarecer as pessoas. Levaremos a verdade. O PT sofre uma grande injustiça. É
bombardeado por uma mídia poderosa. Tem estudo da UERJ - Universidade Estadual do
Rio de Janeiro que mostra que... Quando a notícia é contra o PT ela é repetida muitas
e muitas vezes. Coisa de 80 vezes contra 7 de outro partido. Nenhuma entidade
resiste a esse “bombardeio”. Vejamos. A lista da Odebrecht é do ano de 1985.
Têm mais de 200 políticos e 18 partidos. O Brasileiro sabe disso. Mas por força
da propaganda dos poderosos acabam repercutindo contra o PT. Não quero dizer
que o PT é imune ao erro ou que pessoas do PT não tenham errado. A justiça tem
que valer para todos. O que não pode é uma imprensa tendenciosa que ataca
apenas um partido.
Outra coisa. A direita criou
uma besteira sobre o vermelho. “Que nossa bandeira não tem vermelho”. Querendo
dizer que “são mais brasileiros” que nós. Besteira. Simbolicamente o vermelho
significa a luta daqueles que tombaram buscando democracia e direitos. A origem
do vermelho remonta do ano de 1.400, aproximadamente. Os povos oprimidos pelos
poderosos colocavam a bandeira vermelha em suas casas significando que haveria
luta. Ao contrário, quando a bandeira era branca significava rendição, entrega.
O vermelho é a cor de nossa luta. Assim como, o verde e amarelo é a cor de
nossa Pátria.
O PT tem na sua história o
combate à corrupção. Pergunto. Quem foi
que criou a lei da “delação premiada”? Quem foi que criou a lei da
“transparência”? Citando apenas dois exemplos. Empresários e políticos
poderosos deste País estão indo para a cadeia por causa dessas iniciativas do
PT.
Blog: E a Segurança, algum plano
especial?
Stuzata: Não falaremos de Segurança sem falarmos em Justiça.
Segurança e justiça são multisetoriais,
ou seja, esporte, lazer, cultura, trabalho, educação, assistência social,
saúde, etc. Tudo isso forma um arcabouço de ações que influenciam na segurança
e na justiça.
Sob a ótica mais restrita a
segurança cabe ao Governo do Estado, principalmente. Entretanto, é possível
atuação de inteligência de nossa Guarda Municipal. A droga, em suas várias
ramificações, é responsável por grande parte da violência. Para isso, a Guarda
Municipal deverá ter veículos blindados para ir em todos os locais sem risco
aos seus integrantes.
Para o tratamento e
recuperação dos dependentes temos que contar também com as nossas organizações religiosas.
Temos vários exemplos de êxito nessa atuação.
Blog: Como enfrentar candidatos com
maior poder econômico e maior poder de “contabilizar” apoios?
Stuzata: A
história de nosso Partido foi construída pela nossa militância. É nosso
diferencial. Temos certeza que com
criatividade faremos chegar nossas propostas para todos. Além disso, o
financiamento empresarial de campanha foi proibido reduzindo a força do
dinheiro. Com isso, haverá mais espaço para nossa militância atuar.
Blog: Como avalia a estrutura administrativa da Prefeitura?
Stuzata: Temos propostas. Entretanto esperamos ampliar
o debate para as definições. Hoje temos 21 Secretarias e mais três entes com
status de Secretaria (Prev, Codep, Controle Interno). Apesar da quantidade de
secretarias ainda há temas importantes como: mulher, direitos humanos, pessoa
com deficiência e juventude que não estão abarcados nas estruturas. Sinto falta
também de um espaço multidisciplinar que pense e planeje nossa Cidade.
Entretanto, defendemos a diminuição da quantidade de secretarias sem que isso
signifique deixar assuntos importantes sem a representação no espaço público. Vamos
debater. De imediato já antecipo que o Procurador Geral do Município será
eleito entre os advogados de carreira.
Não compactuo com o Prefeito fazendo dobradinha com “advogado amigo”
para dar legalidade a processos não Republicanos.
Acompanhamos recentemente que a Procuradoria Geral do Estado do Paraná
(Governo do PSDB/DEM) estava atuando para limitar o trabalho do Ministério
Público no caso da “delação premiada” que investiga a “Operação Publicano”(pagamento
por obras não concluídas).
Antigamente, no Governo Federal à época do Presidente Fernando Henrique
(PSDB) o PGR (Procurador Geral da República) era uma escolha pessoal do
Presidente. Hoje não. Há uma eleição e o mais votado assume a PGR. Isso é um
legado que nosso Partido dos Trabalhadores deixará ao Brasil.
Antecipo também, que apesar da minha Esposa ser formada em
Administração, pós-graduada em Marketing e estar completando o curso de Direito
ela não será secretária de nenhuma pasta. Assim como defendo não empregar sobrinho,
nora, irmão, etc. Inserir pessoas da “intimidade” do Prefeito, em geral, não
acaba bem.
Debaterei com o sindicato da categoria propostas para o funcionamento e
valorização dos servidores. Defendo que em todas as Secretarias o Diretor Geral
seja servidor de carreira. Isso garantirá a perenidade dos programas nas
alterações das gestões.
Blog: Quais as dificuldades que
imagina enfrentar para apresentar seu projeto para a Cidade?
Stuzata: A
construção do nosso projeto é coletivo o que facilita sua compreensão. Isso já está ocorrendo em nossas reuniões em
vários locais. Teremos nossos candidatos a vereadores e vereadoras. Espaços
públicos e redes sociais também facilitarão esse processo.
Blog: Haverá coligação com outros
partidos?
Stuzata: Estamos
em contato com partidos alinhados ao “campo” democrático e popular. Mas
independente dos partidos queremos estabelecer uma coligação com nosso povo -
razão principal de nossa atuação.
Blog: Quem será seu principal
adversário?
Stuzata: Neste caso, os três principais pré-candidatos
são de direita e alinhados às forças conservadoras. Iremos debater com todos
nessa perspectiva de “linha” de atuação política aplicada à gestão pública. É
bom lembrar que o conceito de direita e esquerda remonta da revolução Francesa
– em que os ricos ficaram sentados à direita do Rei. Não queremos uma São José
só para os Ricos. Seremos plurais e democráticos.
Blog: Alguma proposta inovadora?
Stuzata: Por
mais que seja um discurso antigo, sinceridade, transparência e a participação
da população em todas as etapas do processo acabam sendo inovadoras quando
implantadas, uma vez que este tipo de promessa costuma ficar apenas nos
discursos eleitorais. Quero que desde a eleição até a administração nossa
missão seja compartilhada. Isso é inovação.
Os candidatos da direita
contratam institutos de pesquisa que orientam o que falar e quando falar. Certa
vez, ao ouvir uma opinião “dolorosa” de um amigo, reclamei. Ao que ele me
respondeu: “Um amigo verdadeiro não omite situações só para agradar”. Por isso,
com tranquilidade, vamos explicar cada situação que deveremos enfrentar.
Conheço bem o orçamento de nossa cidade. Conheço bem a cidade. Só para ter
ideia realizamos 96 mutirões de emprego em todos os bairros da cidade. Sei o
que pode ser feito com recursos próprios e o que e onde podemos buscar
parcerias para realizar obras.
Blog: Como
observa a atual gestão?
Stuzata: Na
vida e também na política não gostamos de ingratidão. As principais obras de
São José dos Pinhais, como por exemplo: As trincheiras da Joaquim Nabuco, o
alargamento do corredor Aeroporto & Curitiba, as inúmeras Creches, a UPA
Afonso Pena, O Viaduto Boqueirão & São José - têm muito dinheiro do Governo
Federal da Presidenta Dilma. Mas o que
observamos é uma imensa ingratidão da Gestão.
Na saúde foi fechado o
Hospital Atílio Talamini. Quando fui Secretário de Saúde esse local estava
sendo preparado para atuar como “Hospital dia” – pequenas cirurgias de baixa
complexidade, são ações administrativas simples mas que trazem um grande
retorno à sociedade. Neste caso, especificamente, o paciente entrava de manhã e saía à tarde.
Outra coisa: o pronto-socorro infantil do Hospital São José também foi fechado.
Eu pessoalmente me empenhei fortemente para manter o atendimento às crianças.
Além disso, os “postos de saúde” fecham mais cedo. Essas medidas não foram boas
para a população.
Na área de Esporte e Cultura
não acredito que grandes shows sejam uma boa estratégia. Quantos professores de
música e arte poderiam estar espalhados pelos bairros com os mesmos recursos?
Os serviços públicos precisam
melhorar. Longas filas são observadas nos equipamentos públicos. Para cada caso
uma análise e uma solução.
Mas como melhorar o serviço
público sem respeitar os servidores? Os servidores merecem reconhecimento e
condições de trabalho.
Blog: O Senhor já tem experiência na
administração pública. Qual o principal benefício que essa bagagem lhe garante?
Stuzata: A
capacidade de diálogo e negociação. Isso é fundamental na gestão pública. Tivemos
boas experiências nos locais onde estivemos (Governo do Estado, Prefeitura de
São José dos Pinhais e Prefeitura de Curitiba). Reforço aqui: Ouvir é
fundamental.
Blog: Como o Sr. Chegou em São José
dos Pinhais?
Stuzata: Em
1993, ainda muito jovem, sai de Assis Chateaubriand, no interior do Paraná, para
estudar e trabalhar. Muitos em nossa cidade também fizeram isso. Em 1999, quis
o destino, que minha aprovação ao curso de Direito ocorresse na PUC aqui em São
José dos Pinhais. Meu primeiro endereço foi no Afonso Pena. Depois mudei para o
São Pedro e hoje moro no Cidade Jardim. Lá se vão anos e anos de relação com
essa Cidade que, ao mesmo tempo, é acolhedora e cheia de oportunidades.
Adoro morar em São José,
encontrar os conhecidos na Igreja, visitar os amigos, caminhar pela XV. Tive
infância em cidade pequena e aqui em São José podemos ter essa sensação. Saímos
à rua e encontramos nossos amigos.
Blog: Nossa última pergunta - como é a vida pessoal do pré-candidato
Stuzata?
Stuzata: Agitada
para os meus 48 anos (risos). Sou casado - pai de três meninos(Gabriel, Rafael
e Guilherme). Agora em maio, Eu e Cristiane, esperamos a chegada de Giulia,
nossa princesinha. Estamos muito felizes.
No dia-a-dia sou um ativista
social, atuando com o empreendedorismo solidário na Agência de Desenvolvimento
Solidário e também como Presidente do Instituto Miguel e Cecília.
Também atuo, obviamente, de
forma partidária. Faz 30 anos que sou do PT. Acredito que quem muda de partido
toda hora não contribui verdadeiramente para a democracia. Na área sindical sou
diretor da Federação dos Bancários (FETEC). Então, participo de reuniões aos
“montes”. E, sempre que consigo, acompanho nosso Furacão Campeão (risos).